8 de março é uma data estabelecida pela ONU em 1975 para lembrar a luta pela igualdade de direitos e pelo sufrágio universal. Esta comemoração reúne os esforços das mulheres que exigiram seu direito de votar, de trabalhar, de ter uma formação profissional, de ocupar cargos públicos e de combater a discriminação no espaço de trabalho. Esta luta é fruto do trabalho das mulheres que se sacrificaram pela causa. Vários eventos que vivemos diariamente mostram que a situação social mudou. Entretanto, é essencial que tanto homens quanto mulheres se comprometam com o progresso e a justiça a fim de que as coisas aconteçam.
A luta no campo da arquitetura no México pode ser representada por várias mulheres que foram contra a maré, deixando uma marca significativa na história. É o caso de María Luisa Dehesa (1912-2009), que foi a primeira mulher no país a receber o título de arquiteta, ou Ruth Rivera Marín (1927-1969), filha da escritora Guadalupe Marín e do pintor Diego Rivera, que foi a primeira mulher a entrar na Escola de Engenharia e Arquitetura do Instituto Politécnico Nacional do México.
No ArchDaily, ao longo de todo ano, fazemos um esforço constante para tornar estas práticas visíveis, lançando luz sobre projetos e pesquisas que abordam questões de coletividade, equidade, violência, invisibilização, urbanismo e arquitetura liderada por mulheres, que estimulam a luta feminista e contribuem para construir melhores espaços e cidades para as novas gerações, lançando as bases para o futuro e mostrando uma nova maneira de fazer arquitetura a partir de uma perspectiva de gênero. É por isso que, resgatando sua produção arquitetônica dos últimos anos, compilamos uma série de artigos e entrevistas que apresentam pesquisas e projetos urbanos e arquitetônicos liderados por arquitetas e escritórios liderados por mulheres no México.
Mónica García: "Encontrei na ilustração arquitetônica um meio para contar histórias sem palavras"
Em julho de 2019, Mónica García fundou o Vista en Planta, um projeto criativo que funde ilustração e arquitetura como uma alternativa de representação gráfica. Desde 2019 ela começou a exercer de forma independente e profissional sua carreira como ilustradora digital, produzindo trabalhos em diferentes formatos. Com isso ela procura humanizar a maneira como vemos a arquitetura, criando um vínculo pessoal e próximo para explorar o lado criativo. Nesta entrevista, diferentes perguntas abordam questões sobre representação arquitetônica e os processos criativos da mesma, de um ponto de vista muito íntimo e pessoal que permitem conectar-se com os arquitetos mais jovens.
Rosario Argüello: sobre a conservação de técnicas e materiais locais em zonas rurais do México
Rosario Hernández Argüello (Mixquiahuala de Juárez, Hidalgo) é arquiteta da Universidade Autônoma do Estado de Hidalgo (2015). Sua carreira profissional desenvolveu-se em torno do estudo de técnicas tradicionais no México, realizando intervenções sociais em diferentes estados do país. Ela trabalhou como arquiteta em escritórios como Raíz Arquitectura e colaborou em projetos de reconstrução no estado de Chiapas. Nesta conversa você aprenderá um pouco mais sobre seus interesses pessoais, aprendizados e experiências que vêm construindo um método de trabalho que busca valorizar os processos de construção dos povos indígenas em regiões como Oaxaca, Hidalgo e Pachuca.
Sandra Calvo: Autoconstrução e migração, sobre a resiliência e os saberes locais a partir do exercício participativo
A artista mexicana Sandra Calvo se dedicou a explorar e tornar visíveis alguns destes temas, a fim de apresentar um registro com uma forte presença crítica, sustentada pela disciplina que demonstra uma consciência sobre o contexto que ela estuda. Fatores políticos, econômicos e sociais que não estão relacionados apenas a um país, mas a um constante movimento migratório dentro da globalidade que habitamos, estão entrelaçados aqui. Nesta ocasião, apresentamos uma entrevista que representa um mergulho na profundidade de todo o trabalho que Sandra Calvo vem realizando nos últimos anos.
Elena Tudela, curadora do Pavilhão Mexicano para a 17ª Mostra Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza 2021
Nesta entrevista, Elena Tudela - uma das curadoras do Pavilhão Mexicano para a 17ª Mostra Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza 2021 - falou sobre os diferentes desafios e reflexões que aconteceram desde o processo de seleção dos projetos participantes até a concepção dos "Deslocamentos".
Lucía Villers: arquitetura centrada em compreender o tempo
Conversamos com a arquiteta mexicana Lucía Villers sobre seu interesse em compreender o tempo na arquitetura, através de projetos e pesquisas sobre transformação e recuperação. Seu trabalho se divide em projetos arquitetônicos e de pesquisa. O tempo é uma obsessão que Lucía tem desde que era criança. "Quando eu viajava de carro e via a paisagem, de repente eu percebia que uma montanha se movia mais devagar e o que estava perto de mim parecia estar se movendo mais rápido. Eu sempre tive muitas perguntas sobre a percepção do tempo. Às vezes parece passar muito rápido, depois muito lento".
Mulheres restauradoras se pronunciam diante das pinturas em monumentos da Cidade do México
Como resultado da marcha de 16 de agosto de 2019, abriu-se o debate nas redes sociais onde foram discutidos os diferentes danos causados, bem como se a pichação no Ángel deveria ser removida ou não, então um grupo de mulheres dedicadas ao restauro tomou uma posição para dar sua opinião profissional, exigindo que as autoridades realizassem um registro antes da remoção das intervenções. O coletivo intitulado #RestauradorasconGlitter é composto por cerca de 410 profissionais de diferentes disciplinas e até hoje tem cerca de 5.000 seguidores no Facebook e 2.000 no Twitter, onde através de uma carta elas expõem sua posição enquanto coletivo. Nesta entrevista para o ArchDaily, Norma García, Daniela Pascual e Sofía Riojas falam sobre como o coletivo foi formado, bem como suas intenções e sua postura frente um movimento social com tamanho impacto.
Mariana Ordoñez, Jesica Amescua e Ximena Ríos: Atos de dominação e violência patriarcal da arquitetura
"Atos de dominação e violência patriarcal da arquitetura" é uma campanha realizada por Mariana Ordoñez e Jesica Amescua através de suas contas no Instagram e no Twitter, junto com a colaboração de Ximena Ríos durante o mês de agosto de 2021. Ela surge da necessidade de refletir de forma autocrítica e profunda sobre a violência e os atos de dominação que são exercidos a partir da profissão da arquitetura.